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Gabriel

O Gabriel chegou com dois dias de vida através de uma adoção consensual. A mulher que o gerou decidiu doar seu quinto filho tão logo ele nasceu. Como a genitora era profissional do sexo e usuária de drogas aos 21 anos, o caso dele foi o único a ter a adoção legalizada.

 

Sem esconder essa realidade de meu filho, escrevi um livro, para que, quando grande, ele possa ler e entender essas duas formas de amor, da mãe biológica que decidiu dar a ele uma vida melhor e da mãe adotiva que o recebeu como uma dádiva.

 

Além do Gabriel, já tínhamos dois filhos biológicos adultos: o Gilberto hoje com 31 anos e a Luiza com 28. Em 2009, o juiz da vara da infância ligou, solicitando o trabalho das “famílias acolhedoras”, programa do Instituto Amigos de Lucas que acolhia crianças tiradas

de casa e que deviam ser levadas a um abrigo. Quando não havia vaga nos abrigos, uma família os recebia temporariamente até a volta para casa ou irem para adoção.

 

Como naquele dia só havia uma família disposta a ficar com os dois maiores, uma menina de nove anos e seu irmão com cinco anos, eu e meu marido aceitamos ficar com os dois menores: um menino de três anos e sua mana com três meses.

 

Estas crianças foram retiradas de casa por droga-adição dos pais que, por medo de serem mortos pelo tráfico, acabaram fugindo, deixando para trás seus quatro filhos dentro de um barraco, sujos e com fome.

 

Neste dia, sem saber, passei de mãe de três filhos a mãe de cinco.

 

A história que vivemos de lá para cá foi de muita luta contra um sistema que analisa crianças como números de processos.

 

Foram retirados de nós (da outra família também) e por quatro meses ficaram abrigados, por erro do judiciário.

 

Após quatro meses de luta, conseguimos trazê-los de volta ao nosso lar.

 

Após cinco anos e quatro meses obtivemos a certidão de nascimento dos nossos filhos.

 

Desde a chegada deles, os quatro irmãos sempre estiveram juntos, embora vivendo separados em duas famílias.

 

O que a vida separou, a adoção uniu.

 

Em 2015 minha filha pequena, aos seis anos, foi diagnosticada com leucemia e de lá pra cá muitas foram as lutas para que a cura chegasse. Ela hoje se encontra curada e em manutenção mensal.

 

“Ela venceu a fome, o abandono e o câncer!”

 

“ Porque minha família tem a cor do amor!”

Rosi

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