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Três vivas para minha/meu filha(o)         Mariana Reade

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Somos todos diferentes e reagimos à adoção de nossas filhas/nossos filhos de maneiras muito variáveis.

Alguns de nós encararam tranquilamente adotar uma criança com deficiência, doença crônica, ou outra diferença, provavelmente porque já conviviam ou tinham informações sobre o assunto.

Alguns de nós se surpreenderam com a possibilidade em um primeiro momento e logo se acostumaram com a ideia.

 

Alguns de nós se desesperaram e não acreditaram que conseguiriam passar por aquilo.

 

Alguns de nós sofreram muito e mergulharam no fundo do poço, com medo do desconhecido e do futuro, ficando inseguros.

 

Alguns de nós se sentiram perdidos, sem forças e imaginando não saber por onde começar.

 

Alguns de nós pediram socorro e outros ficaram em silêncio.

 

O que todos nós temos em comum é uma filha ou um filho com alguma diferença.

O que todos nós provavelmente concordamos é que tudo seria bem melhor se a sociedade tivesse uma visão mais positiva sobre pessoas com deficiência e doenças crônicas ou de alguma maneira diferentes delas.

 

Seria melhor se as escolas tivessem uma visão mais positiva sobre as diferenças.

 

Seria melhor se o resto da família, amigos, vizinhos e desconhecidos tivessem uma visão mais positiva sobre quem consideram diferente.

 

Seria melhor se cada um de nós tivéssemos uma visão mais positiva sobre deficiência, doenças crônicas ou qualquer diferença.

 

É a partir de como cada um de nós olha nossa(o) filha(o) que a sociedade vai mudar o seu olhar. Eu e você temos a oportunidade de conviver e aprender e perceber que o preconceito é algo antigo, sem sentido, que não nos leva a um mundo melhor.

 

Temos em nossos braços agora a oportunidade de jogar fora tudo o que de negativo já ouvimos sobre deficiência e doenças crônicas ou diferenças em geral e olhar pra essa criança que está conosco apenas como NOSSA FILHA, NOSSO FILHO.

FILHA. FILHO. Sem rótulos. Sem julgamento de valor. Sem mais ou menos. Sem valia. Sem medições.

 

Nossa(o) filha(o) tão desejada(o).

 

Nossa(o) filha(o) pra quem faremos tudo o que está ao nosso alcance, a quem ensinaremos tudo o que sabemos, a quem amaremos até além do infinito e a quem mais profundamente desejaremos que seja mais feliz e mais completa(o) que nós mesmos.

 

Nossa(o) filha(o). Com seu sorriso, suas lágrimas, seus sonhos, seus medos. Suas limitações, seus defeitos, suas qualidades e dificuldades. Uma/um filha(o) com suas próprias características.

 

Nossa(o) filha(o) tem características diferentes da maioria.

 

Sim, nossa(o) filha(o) foi adotada(o) mais velha(o), tem deficiência, doença crônica, é de uma etnia diferente da nossa. Isso é parte de quem ela/ele é!

 

Se a gente conseguir olhar pra nossa(o) filha(o) apenas como nossa(o) filha(o), esquecendo maioria e minoria, esquecendo o que dizem os outros, os diagnósticos, as probabilidades...

 

se a gente conseguir sentir nossa(o) filha(o) apenas como nossa(o) filha(o), nossa jornada será um aprendizado!

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